Este mês concedi uma entrevista para Maria Fernanda, repórter da revista ProXXIma, do grupo Meio&Mensagem.
Veja o texto na íntegra:
MF:
Como pai, como você procede com o seu filho na web?
Plínio:
Tenho um filho de 4 anos que ainda não acessa a Internet, e uma filha de 10 que já vem usando ativamente a pelo menos 2 anos. Minha filha pode usar alguns recursos com restrições, por exemplo, ela pode fazer pesquisas na Internet, mas o navegador Web no computador dela está com filtro habilitado, desta forma não retornam links com pornografia ou outros assuntos não apropriados para crianças. Ela tem email, mas só pode passar o endereço para pessoas da família ou amigos da escola. Ainda não permito o uso de comunicadores instantâneos como MSN, Skype e outros desse tipo. Ainda não permitimos, também, o uso das redes sociais.
MF:
Ele já utiliza a web? Desde quando começou a orientá-lo?
Plínio:
Minha filha tem computador a uns 3 anos, desde então começamos a orientá-la sobre os perigos da Internet. Eu uso a comparação que a Internet é como deixar a janela do quarto dos seus filhos aberta durante a noite. É muito perigoso! Conversamos sobre isso com a minha filha, e procuramos evitar que ela uso os recursos mais perigosos.
MF:
Quais são os perigos que as crianças estão expostas na web?
Plínio:
O pior é realmente serem atraídas por pedófilos. Esse é um perigo real, por isso, devemos evitar que as crianças utilizem recursos com os quais elas possam ser contatadas diretamente (MSN, Skype e redes sociais). Mesmo o uso de emails deve ser monitorado de perto. Além disso, temos o risco da exposição a assuntos que não devem fazer parte do mundo infantil (guerras, sexo, violência em geral), por isso temos que ativar os filtros nos buscadores e criar uma lista de sites seguros que a criança pode visitar. Deixar essa lista nos links favoritos e ensinar como utilizar.
MF:
Na sua opinião, os pais realmente sabem o que seus filhos estão fazendo na internet, quanto tempo passam online e o que acessam?
Plínio:
Não, não sabem. Eu mesmo tive surpresas... Por isso é bom não abaixar a guarda. As crianças não podem utilizar o computador em ambiente de difícil acesso, por exemplo, quarto com a porta fechada. O ideal é deixar o computador em um local de movimento da casa, ou em um ambiente que possa ficar sempre aberto. De vez em quando é bom acessar o computador e olhar logs e outros relatórios. Não deixe de fazer isso...
MF:
Quais dicas dar aos pais para que possam proteger seus filhos?
Plínio:
Acompanhem seus filho de perto. Principalmente na transição da infância para adolescência. Estamos vivendo uma fase muito diferente na história da computação, nunca antes tivemos tantos recursos para compartilhar informações pessoais na Internet. Há alguns anos somente os mais interessados por tecnologia mantinham blogs ou sites, agora qualquer um pode criar um perfil em uma rede social e começar a postar informações pessoais a partir de um telefone celular. Isso cria um nível de exposição nunca antes experimentado. Hoje um jovem vai achar o máximo publicar uma foto dele em uma festa, mas essa foto vai ficar lá para sempre. Mesmo se ele apagar a foto do seu perfil em uma rede social essa foto já foi indexada por algum mecanismo de busca e já foi copiada para algum servidor na Internet. Essa foto provavelmente nunca vai desaparecer. Daqui a dez ou vinte anos essa foto vai continuar rodando na Internet e nesse momento pode ser que a pessoa já não queira mais ser lembrado por aquela festa.
MF:
Como explicar às crianças que os pais devem ter acesso ao que eles fazem na web?
Plínio:
Essa é a regra do jogo... Acho que a base dessa conversa deve ser os perigos que a Internet representa. A pessoa precisa de maturidade para entender as conseqüências do que se faz na Internet e essa maturidade demora para vir. Portanto no inicio devemos acompanhar de perto.
MF:
Como os pais devem proceder ao perceberem que o filho foi vítima de algum tipo de abuso na internet?
Plínio:
Depende muito do que estiver acontecendo. Devemos primeiro conversar com a criança e ver até onde o problema chegou e como começou. Se não foi algo muito sério deve-se procurar evitar que volte a ocorrer, se foi algo mais sério deve-se buscar ajuda com pessoas competentes, advogados ou mesmo a polícia.
MF:
Parece que a velha máxima de “não fale com estranhos” não vale para a internet, pois pesquisas mostram que as crianças fazem amigos virtuais. Como proceder?
Plínio:
A regra vale sim. É a regra mais sagrada que pode existir.
MF:
Os pais devem bloquear o acesso das crianças?
Plínio:
Bloquear não, pois esse acesso é inevitável. Mas devemos restringir e acompanhar. Liberando mais recursos a partir do momento que a criança tiver maturidade para entender o que está fazendo.
MF:
Mais algum comentário professor:
Plínio:
Alguns sistemas operacionais, como o Mac OS X, que eu utilizo, permitem que alguns recursos do computador sejam limitados. Como acesso a webmail por exemplo, ou sites específicos. Acho importante que os pais procurem saber se o sistema que eles utilizam permite esse tipo de restrição e se permitir configurem as restrições apropriadas para seus filhos.
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