sábado, 12 de março de 2011

Internet: Tecnologia e Negócios

O que conhecemos hoje como Internet na verdade não é uma entidade única, temos como base uma infra-estrutura de comunicação definida pela interconexão de várias redes de computadores, ou seja, na sua base a Internet é uma rede de redes de computadores. Em cima dessa rede temos um conjunto de protocolos que permitem que os computadores conversem entre si e se entendam mutuamente. Esses protocolos são utilizados por aplicativos desenvolvidos para fins específicos e efetivamente utilizados pelos usuários finais.

Todo esse emaranhado tecnológico não surgiu da noite para o dia, ele vem sendo desenvolvido e melhorado a muitas décadas. A Internet tem suas origens no início da década de 60 durante a guerra fria, surgiu de uma necessidade militar caraterizada pela manutenção da capacidade de comunicação, mesmo que degradada, durante um ataque direto a essa infra-estrutura. A utilização exclusivamente militar da infra-estrutura tornou-se economicamente inviável e a Internet passou para o domínio acadêmico. Tanto a necessidade militar como o uso acadêmico subseqüente determinaram várias características que persistem até hoje na Internet.

Nessa primeira fase a Internet era utilizada apenas para troca de mensagens (emails) entre os pouco usuários. A popularização da Internet se deu a partir de meados da década de 90. Em 1993 foi lançado o primeiro navegador da Internet, chamado Mosaic, ainda assim até quase o final daquela década eram poucas as empresas que mantinham páginas na Internet e seu uso ainda era primordialmente centrado no ambiente acadêmico.

O final da década de 90 é marcado por um evento que se chamou de a nova corrida do ouro, ou a corrida do ouro tecnológica. Finalmente a Internet havia caído no gosto dos capitalistas de risco e muitos empreendedores surgiram e conseguiram capital para colocar seus planos de negócio em prática. Diariamente os jornais apresentavam reportagens sobre os novos milionários dessa onda. Esse movimento foi possível graças ao surgimento de linguagens e ambientes de programação que permitiam a construção de ambientes interativos na Internet. Agora além de poder ler informação de uma página da Internet também era possível interagir com essa página, enviar informação para ela, e receber de volta uma nova página que refletia uma resposta do sistema às informações que eu havia enviado.

Naquela época a infra-estrutura ainda era muito cara e as empresas dot-com, como se convencionou chamar as empresas voltadas unicamente para operar na Internet, precisavam investir muito para garantir a disponibilidade de banda para seu negócio. Como havia capital para investimento abundante, muito dinheiro foi investido na construção da infra-estrutura.

Infelizmente o sonho durou pouco, rapidamente as empresas dot-com mostraram-se inviáveis para além dos limites definidos por seus recursos de investimento. Ou seja, elas não eram capazes de se sustentar financeiramente sozinhas. Isso gerou a quebra de um grande número de empresas dessa época. O que ficou conhecido como o “Estouro da bolha” (da Internet). O que foi ruim para alguns foi muito bom para outros. Com a infra-estrutura e a mão de obra especializada disponível, deixadas para trás pelas empresas que quebraram, novos empreendedores surgiram, com planos de negócios mais viáveis e puderam iniciar suas operações a um custo inicial muito mais razoável. Isso deu origem a uma nova onda de empresas de Internet.

Essa nova fase da Internet é fortemente embasada na formação de grandes comunidades de usuários com o objetivo de se explorar a comercialização de espaços publicitários. Ou seja, as empresas percebem que cobrar taxas dos usuários da Internet não é um negócio tão atrativo quanto conseguir muitos usuários (com acesso gratuito) e cobrar para veicular material publicitário para esses usuários. Desde então os investimentos em publicidade direcionados à Internet vem crescendo e essa mídia já começa a desbancar mídias mais tradicionais como Jornais, Rádio e a TV por assinatura.

A característica interativa da Internet exige uma maior preocupação com formatos e posicionamentos da publicidade nos sites. Ainda existe uma carência de informações sobre quais são os melhores formatos e onde inserir a publicidade para conseguir um maior retorno do investimento. Em uma revista física o leitor percorre a revista uma folha de cada vez. A maior parte dos anúncios publicitários vão aparecer em uma ou mais dessas folhas e as informações que se deseja transmitir para o leitor já estarão todas lá. Na Internet não temos essa forma seqüencial para percorrer o conteúdo, o visitante de um site tem muito mais flexibilidade para navegar. Outra diferença é que os anúncios são em geral links para mais conteúdo, não contendo de inicio toda a informação que se deseja passar para o visitante.

No entanto uma das principais vantagens que se observa no ambiente da Internet em relação aos demais meios de comunicações, está relacionada à sua extraordinária capacidade de fornecer informações precisas sobre o acesso aos anúncios publicitários e sobre o comportamento dos usuários online.

Estamos vivendo a “Era Social” da Internet, onde a briga está em conseguir atrair usuários para esta ou aquela rede social, fornecendo ferramentas úteis para atrair esses usuários. A força da Era Social da Internet se revela nos sites de compras coletivas que estão surgindo atualmente, eles só são possíveis porque as pessoas não estão apenas online, elas estão online e conectadas com outras pessoas online. A informação passa de uma para muitas de forma muito rápida.

Não sei o que vem pela frente, mas acredito que as pessoas que entenderem de tecnologia e de negócios estarão em vantagem no mundo que se define para nós nas próximas décadas (ou semanas).

Prof. Dr. Plínio R. S. Vilela

twitter.com/pliniovilela
Coord. Esp. Engenharia de Software

Coord. Mestrado em Ciência da Computação
Universidade Metodista de Piracicaba

Reproduções:
Jornal A Tribuna - Piracicaba - São Pedro - Rio das Pedras

3 comentários:

Marli Fiorentin disse...

Conheci o seu blog agora e gostei muito desse post. Esclarece um pouco mais sobre esse lado comercial que está por trás das redes sociais e que os usuários, na maioria das vezes, desconhecem. Também acredito que muitas vantagens terão os mais incluídos digitalmente. Abraço!

Fabio Nunes - Corretor Imobiliário - (21) 4063-9303 / 8286-6152 disse...

é professor, estamos vivendo um momento de expectativas tecnológicas. Grandes empresas atiram para todos os lados, não se define mais estratégias de T.I. Dou como exemplo o google que nos últimods tempos tem atirado para todos os lados sem definir uma estratégia ou direção. Quer seguir várias direções, como: site de buscas, computação em nuvem ( empresa ), desenv. sistemas operacionais ( android, navegadores ), atirando para todos os lados sem mirar em algi concreto. E no meio disso tudo, temos uma pequena empresa chamada FACEBOOK que aos poucos vai tomando e conseguindo um espaço cada vez maior. É..... vamos ver qual será a febre do momento nos próximos 5 anos.

vilela disse...

Oi Fabio, obrigado pelos comentários. Voce tem razão, as empresas estão atirando para todos os lados e perdendo sua identidade. É o começo do fim para muitas...